Médico português anuncia tratamento revolucionário da próstata
James La Giglia, americano de 48 anos, saiu de Hong Kong e veio de propósito para Portugal. Da barriga, espreitava um tubo que fazia a ligação direta da bexiga a uma bolsa exterior. Martins Pisco, radiologista, prometeu-lhe uma solução única no mundo, em busca de um tratamento alternativo.
"Tinha muitos problemas, tenho este saco desde Março de 2010, pura e simplesmente não consigo urinar. Não tinha dores, apenas desconforto e a minha vida tornou-se muito difícil. Ia a qualquer lado e as pessoas olhavam para mim, por vezes aparecem coágulos de sangue no tubo e vou parar às urgências", descreve LaGiglia, deitado no bloco operatório e prestes a iniciar o cateterismo das artérias da próstata.
James, jornalista numa televisão de Hong Kong, vai manter-se acordado ao longo da intervenção, que durará aproximadamente uma hora. Com viagens incluidas, pagou perto de 6 mil euros por esta solução, porque acredita que poderá mudar a sua vida. "Disseram-me em Hong Kong, que é um país até bastante desenvolvido, que havia duas operações possíveis, uma delas é a TURP (retração transuretral da próstata) mas que aí teria 90 por cento de hipótese de efeitos secundários, tais como não poder mais ter filhos e depois havia também outra hipótese, em Hong Kong e nos EUA que era a operação a laser, mas tinha 60 por cento de hipótese de efeitos secundários, por isso andei à procura de outra alternativa", acrescenta.
Uma vida ligada à Medicina
João Martins Pisco, 65 anos, é médico radiologista há mais de 30 anos no Hospital Pulido Valente, em Lisboa, mas opera também no privado, no Hospital francês. Foi pioneiro na introdução desta técnica no tratamento dos fibromiomas do útero nas mulheres e agora acredita ter nas mãos a melhor solução para a hiperplasia - o crescimento anormal - da próstata, algo que acontece a mais de metade dos homens a partir dos 60 anos.
Médicos de todo o mundo vêm a Lisboa
Veio com mais três colegas de propósito para assistir ao procedimento em vários pacientes, ao longo do dia. Um deles é Enrique Aguirrezabala, presidente do Conselho de Desenvolvimento Económico Europeu. Com 64 anos, há 12 que aguentava com problemas na próstata. "Nunca tive uma vida muito complicada por causa disto, mas acho que é preferível atacar o problema mais cedo, do que tornar-se complicado mais tarde", diz.
Cesare Saluzzo, médico italiano de Pavia, está satisfeito com o que vê, ao observar os monitores de raio X que põem a nú as artérias dos pacientes, enquanto os cateteres deixam pequenas esferas lá dentro, para entupir o fornecimento de sangue à próstata. Desta forma, com menos 'alimento', a próstata acaba por minguar e volta a permitir um fluxo urinário normal.
"A técnica, o procedimento, já é antigo para nós como radiologistas de intervenção mas nós viemos até cá para perceber esta nova utilização que o professor Pisco começou. Queremos ver sobretudo não os aspetos técnicos, mas as indicações e queremos perceber se será possível fazer uma espécie de registo da técnica em Itália, com regras e indicações claras neste novo campo", explica Cesare Saluzzo, médico radiologista de Pavia, norte de Itália.
A embolização arterial da próstata aplica-se a doentes que tenham próstata grande, um fluxo urinário baixo e que não tenham tumores malignos. Também não é um tratamento para a impotência, embora - segundo Martins Pisco - possa revelar resultados em cerca de um terço dos pacientes, dado que após o tratamento deixam de tomar medicamentos que acabavam por ter efeitos nesse campo.
Urologistas ainda não estão convencidos
Para José Palma dos Reis, presidente do Colégio de Urologia da Ordem dos Médicos, a palavra certa é "prudência". "Convém referir que isto se trata de um procedimento investigacional, que ainda não está validado cientificamente pelos pares. Mas desde que os doentes estejam devidamente informados, não temos nada a opor", afirma ao Expresso.
Cesare, de Pavia, Itália, diz que o mesmo acontecerá seguramente no seu país, devido a quezílias habituais entre diferentes especialidades da Medicina: "Isso é uma estória antiga, é a nossa história como radiologistas de intervenção. Somos sempre pioneiros, há qualquer coisa de novo. Acreditamos em outros médicos, em cooperar com as outras áreas da Medicina e eles deviam fazer o mesmo, ginecologistas, urologistas, hepatologistas, diabetologistas e todos os ramos da Medicina. Nós estamos numa nova era, a da cooperação", afirma.
Os urologistas portugueses vão esperar para ver: "A comprovar-se será mais uma arma na terapêutica, mas não será nunca seguramente a única", conclui o presidente do Colégio de Urologia.
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